Para evitar equívocos, agora nos referimos ao trabalho do povo Ibero, em contraste com a produção cerâmica ibérica, ou seja, a cerâmica elaborada em toda a Península Ibérica em diversas épocas e por distintos colonos.
A cerâmica ibérica abrange uma ampla gama de formas: pratos, jarros, potes, urnas funerárias, entre outros. Muitas dessas peças retratam cenas da vida cotidiana e figuras mitológicas. Para esses povos, a cerâmica possuía uma forte dimensão cerimonial e religiosa.
O barro era moldado em superfícies usando tornos ou dispositivos similares, frequentemente de dimensões menores e operados manualmente. Essas peças apresentavam um acabamento mais refinado do que aquelas moldadas apenas à mão.
A queima era realizada em fornos, frequentemente construídos em fossos contendo lareiras. Embora não atingissem as altas temperaturas necessárias para a porcelana, eram suficientes para a produção de cerâmicas como a terracota.
Os engobes eram comumente preparados com uma base de óxido de ferro, contribuindo para a coloração e textura das peças.
Desde então, a tradição da cerâmica ibérica, presente em toda a península, continuou a prosperar, tornando-se um tesouro cultural e artístico dos países vizinhos e fraternos que a compõem.
PERÍODOS DE CERÂMICA IBÉRICA
O Neolítico:
Os pesquisadores fizeram uma descoberta surpreendente ao constatar que a cerâmica antiga da Península Ibérica era consideravelmente mais sofisticada do que se presumia inicialmente. Há indícios de que a utilização da roda do oleiro remonta ao século IV a.C., evidenciada naquela que se tornaria a primeira olaria.
A cerâmica neolítica na Península Ibérica pode ser categorizada em dois tipos distintos: o cardial, exemplificado pela olaria almagra em Almería, onde se empregava o engobe, e a cerâmica lisa, associada à fase final do Neolítico.
Acredita-se que a técnica de confecção da cerâmica cardial neolítica na Península Ibérica envolvia um processo iterativo: iniciava-se com uma bola de argila, esculpia-se uma cavidade central, moldando-se então o barro para formar o recipiente desejado, seguido pela fixação de alças, se necessário, utilizando lama para uni-las.
Calcolítico:
Naquela época, conhecida como Idade do Cobre, ou mesmo durante os primórdios da Idade do Metal, surgiu a cerâmica campaniforme, notável pela produção de recipientes para consumo de bebidas.
É surpreendente perceber que a cerveja já era apreciada naquela época distante! Estudos históricos demonstram que essa bebida era elaborada a partir de cevada cultivada, evidenciando uma tradição milenar.
Além disso, destacamos a presença da cerâmica Los Millares, representativa desse período histórico.
Cerâmica de Bronze:
Uma das expressões mais proeminentes desse período é a cerâmica argárica. Essa cultura prosperou no sudeste da Península Ibérica entre cerca de 2.300 e 1.500 a.C., deixando para trás inúmeros vestígios de sua produção cerâmica em diversos locais.
Neste espaço, você poderá observar o processo de elaboração de peças utilizando as técnicas características da época.
Idade do Ferro:
Apresentamos aqui uma variedade de peças, incluindo as notáveis Cogotas, cujo sítio arqueológico fundamental para entender essa cultura foi identificado em Ávila em 1973, bem como vasos de tripé e cerâmica celta. A decoração incisa e excisada era uma técnica comumente empregada nessa época.
História posterior:
Antes da chegada dos romanos à Península Ibérica no final do século III a.C., além dos ibéricos situados no litoral mediterrâneo, as regiões central e norte eram habitadas pelos celtas, cujos vestígios culturais também perduram.
Esses povos, embora distantes dos fenícios do outro lado do Mediterrâneo, mantiveram relações que enriqueceram as técnicas cerâmicas e o comércio na região.
A cerâmica ibérica, além de desempenhar um papel significativo durante o Império Romano, tornou-se um elemento crucial para o desenvolvimento cultural e econômico da Península, especialmente no Levante, uma região estratégica para o comércio marítimo no Mediterrâneo, sendo um dos pilares fundamentais da cerâmica espanhola contemporânea.